A queda da Ministra Marina Silva da pasta do Meio Ambiente deve ser observada com certa atenção. Em toda a sua gestão, ela fez o dever de casa como qualquer ambientalista gostaria, e obteve níveis expressivos de sucesso perante um Brasil que precisa crescer a todo custo, como prega a política econômica de Lula. A queda nos níveis de desmatamentos (que ainda são grandes e fazem um estrago desmedido às emissões de CO2 (fora outros estragos) é algo, veja só, mal-visto por algumas pessoas. Quem?
Ora, estou falando dos nobres colegas da bancada ruralista. Por definição, por que um país como o Brasil precisa de uma bancada ruralista dentre a classe política? Bem, isso pode ser assunto pra outra discussão. Voltando, ocorre que o Deputado Valdir Colatto (PMDB-SC) fez afirmações estapafúrdias em nome desta bancada, onde constam atrocidades como “A questão do desmatamento é uma bandeira forçada” ou “Se o agricultor não planta, ninguém come, nem almoça, nem janta” [ainda no contexto de Amazônia].
Senhor Deputado, não tem espaço pra plantar comida, é isso? Precisa desmatar mais ainda da Amazônia senão o povo vai passar fome? Será que a questão não é um pouco mais complexa? Que tal, o avanço da cultura de cana e outras para a produção de combustíveis? Não entende que mesmo este “pouco” que devasta-se a floresta coloca o Brasil em quarto lugar em emissões de CO2 no mundo inteiro? Já ouviu falar em aquecimento global? Será que o mercado internacional de alimentos não anda um pouco competitivo demais, cheio de salvaguardas e restrições?
Largue o osso… o mundo que o Senhor deseja ver não é um que precisará de tanto alimento assim.
No “Painel do Leitor” da Folha de São Paulo de 16 de maio de 2008, Stalmir Vieira escreveu sobre a demissão de Marina: “No mundo encantado do poder, ocupado por ex-subversivos e ex-torturados, hoje bochechudos, rosados e de cabelos bem arranjados, o único papel que caberia a uma mulatinha magrinha, que jamais aceitou abandonar suas origens, seria o de servente. Ela não topou”.
O governo preferiu perder uma cabocla para prestigiar um “drag-queen cultural”.